Cruzamento de vacas de leite com touros de corte
O Beef-on-dairy (cruzamento
de vacas de leite com touros de corte) é um fenômeno que cresceu em um ritmo
impressionante nos Estados Unidos, de acordo com o Dr. Zeb Gray, especialista
técnico em confinamento da empresa Diamond V*.
Gray
– que tem raízes profundas na produção de carne bovina, desde a fase da criação
de bezerros até a ciência da carne após o abate – disse que a prática está
mudando o cenário da indústria de carne bovina dos EUA, provavelmente de
forma permanente.
Dados
da NAAB (Associação Nacional de Criadores de Animais, na sigla em inglês)
indicam que a genética de leite está sendo trocada pela de corte em um ritmo
impressionante. De 2018 a 2022, as vendas de sêmen de corte nos Estados Unidos
aumentaram cerca de 5 milhões de doses, enquanto as vendas de sêmen de leite
caíram quase em número idêntico.
Ao
mesmo tempo, o tamanho do rebanho de vacas leiteiras americanas permaneceu
estável, em cerca de 9 milhões de cabeças, uma indicação de que a mudança se
deve em grande parte à crescente adoção do beef-on-dairy.
Gray
disse que embora tenha havido dificuldades de crescimento, os bezerros cruzados
(corte e leite) foram bem recebidos tanto pelos confinamentos quanto pelos
frigoríficos. “Os confinamentos são como hotéis”, explicou ele. “A única
maneira de trabalharem financeiramente bem é se seus currais estiverem cheios.
O mesmo se aplica aos frigoríficos, cuja lucratividade depende da maximização
do rendimento todos os dias.”
Ele
observou que a disponibilidade constante dos bezerros cruzados é uma mudança no
jogo em termos de aquisição de animais. “Sempre foi um desafio para os
confinamentos manter currais cheios de gado de forma consistente durante todo o
ano e – particularmente agora – com nosso rebanho de corte cada vez menor”,
afirmou Gray. “Os bezerros nascidos em fazendas leiteiras não apenas oferecem
essa consistência, mas também podem ter sua idade e origem facilmente
verificadas, bem como podem fornecer um histórico completo de cada animal, pelo
qual os consumidores estão cada vez mais clamando.”
Confinamentos,
frigoríficos e programas de carne bovina certificada veem a relação com grandes
fazendas de leite como uma oportunidade de construir uma fonte confiável de
bezerros, que atendem a todos os requisitos. É muito mais fácil trabalhar com
um punhado de grandes fazendas leiteiras – para garantir esses bezerros em
apenas algumas transações – em vez de lidar com algumas centenas de
pecuaristas de corte e ter que comprar em lotes muito menores.
Mas,
apesar de todos os seus méritos, esse caminho de produção em rápida evolução
tem alguns obstáculos. A nova demanda para adquirir bezerros cruzados
(corte/leite) levou a uma ocorrência comum onde bovinos recém-desmamados, muito
jovens, pesando apenas 250 libras (113,4 kg), entram em confinamentos
comerciais.
“Quando
se trata de desenvolvimento ruminal, não há substituto para o tempo”, afirmou
Gray. “Esses bezerros estão em considerável desvantagem em comparação com
bezerros de corte puros, que seguem uma dieta parcial com leite por até 6 meses
e aprendem a comer forragem gradualmente junto com suas mães”. Ele acrescentou
que a disponibilidade de alimentos e a logística dos confinamentos muitas vezes
não propicia à inclusão de níveis ideais de forragem nas dietas dos
bezerros jovens.
Gray
finaliza dizendo que o crescimento meteórico do beef-on-dairy levou a
um atraso na pesquisa que poderia eventualmente impulsionar as melhores
práticas para a criação desses animais únicos. Ele afirma que mais trabalho
precisa ser feito de modo a se descobrir soluções para o problema crítico dos
abscessos hepáticos em bovinos cruzados, juntamente com abordagens nutricionais
e de manejo mais bem definidas para otimizar sua saúde e desempenho.
“A
pecuária leiteira impulsionou esta mudança fundamental graças a estratégias
reprodutivas precisas baseadas na genômica, na eficiência reprodutiva e no
sêmen sexado. Sem eles, não teríamos essas novas oportunidades no lado do
corte”, declarou Gray. “Acho que podemos continuar aprendendo muito uns com os
outros.”
Texto retirado do site: https://canaldoleite.com/artigos/leite-e-corte-uma-fusao-de-muitos-meritos/
A Informação que tenho pela
prática que trabalho com os produtores a certo tempo, é que os animais devem
ser bem cuidados desde o nascimento como outro qualquer outro bezerro que fosse
de raça de leite puro. Colostro e aleitamento com 60 dias, vermifugação e
vacinação etc.
Incentivo ao consumo de
ração na primeira semana, feno e logo mais a pastagem, vai ajudar no
desenvolvimento do rúmen. Os mesmos são muito dependentes do leite ou até de
uma vaca ou mãe madrinha. Seria o ideal que os animais tivessem a sua
saída da propriedade quando tivessem
um peso acima dos 100 kg, os animais vão ter pelo menos 5 meses. Neste caso os
bezerros recém foram desmamados e o ideal que eles permaneçam na propriedade
por mais um período para se acostumarem sem o
fornecimento do leite, somente o consumo de ração, sal e pastagem. Seria o ideal que os animais permanecem na propriedade por mais 60 dias até atingir um peso acima de 150 kg .
Toda mudança de ambiente
gera um certo estresse aos animais e este tipo de animal precisa ter mais
cuidados. E a mudança podem gerar desconforto aos animais e perderem peso por
vários motivos.
Este tipo de animai como diz
a reportagem acima, eles têm um rúmen menor ou desproporcional ao seu tamanho,
por isso que eles precisam um maior tempo para se desenvolver.
Alguns produtores fazem é
ter alguma vaca de corte na propriedade que seja bem mansa que possa ser
madrinha deste tipo de bezerro. Neste caso o produtor pega os bezerros com dois
a três dias de vida e ele se adapta bem com uma vaca.
Raças mais usadas: Red ou
aberdem angus, nelore, gír, senepol, hereford, devon.
Não é aconselhado uso de raças:
charolês, marchidiana, limosan, blonde aquitane. São raças onde os bezerros
nascem maior e podem ter dificuldade de parição seja para o próprio bezerro e
para a vaca
O
beef-on-dairy (cruzamento do gado leiteiro com touros de corte) revolucionou a
pecuária americana, reforçou os suprimentos de gado de corte e adicionou
"cor preta" aos lucros das fazendas leiteiras dos Estados Unidos nos
últimos anos.
Mas
isso é um fenômeno que foi longe demais? Independentemente do setor, as
megatendências podem trazer consigo consequências não intencionais. Steve Eicker,
veterano especialista em dados e referência na pecuária de leite americana,
teme que a atração de lucros de curto prazo com bezerros cruzados possa estar
alterando o curso do negócio leiteiro nos EUA de forma prejudicial.
Eicker,
cofundador da Valley Agricultural Software (dona do popular software de
gerenciamento de rebanhos Dairy Comp 305), reconheceu que os bezerros mestiços
taparam muitos buracos no suprimento de animais de corte do país. Com pouco
mais de 28 milhões de cabeças, o tamanho do rebanho de vacas de corte dos
Estados Unidos está na maior baixa em mais de 70 anos.
Os
confinamentos receberam bem os bezerros cruzados (corte e leite) para manter
seus currais cheios e, no início, pagando preços premium. No verão passado,
bezerros cruzados recém-nascidos foram vendidos por até US$ 1.000/cabeça ou
mais, com US$ 600-800/cabeça sendo a norma.
Mas
a que custo real para a pecuária de leite? Eicker acredita que as
"rachaduras na armadura" estão começando a aparecer e se tornarão
mais aparentes nos próximos meses e anos. Os fatores que estão sendo afetados
incluem:
1) As novilhas de reposição estão em falta – A
criação de mais bezerros cruzados de corte resultou em menos oportunidades de
produzir bezerras leiteiras. Em apenas dois anos, do início de 2022 a 2024, o
número total de novilhas leiteiras de reposição caiu mais de 10% nos EUA, em um
declínio de 7 anos consecutivos. Com pouco mais de 4 milhões de novilhas
leiteiras, o estoque nacional está na maior baixa em 20 anos. Além disso,
apenas 2,59 milhões de novilhas devem parir e entrar no rebanho lactante do
país este ano, de longe o menor estoque em 22 anos de projeções do USDA.
Por outro lado, os preços das novilhas subiram vertiginosamente até 2024,
enquanto as fazendas leiteiras lutam para garanti-las.
2) As vacas de descarte diminuíram – A
comercialização de vacas leiteiras de descarte também atingiu uma baixa
recorde. Como as fazendas de leite estão tendo dificuldade em encontrar
novilhas suficientes para manter seus barracões cheios, elas estão segurando as
vacas por mais tempo. Até agosto, apenas 1,74 milhão de vacas leiteiras haviam
sido vendidas para o corte no ano, em comparação com 2,04 milhões de cabeças no
mesmo período de 2023. Eicker disse que os efeitos prejudiciais desses dados
são triplos. Primeiro, as fazendas leiteiras desistem do potencial de
introduzir a genética mais atual no rebanho que as novilhas produzem. Segundo,
"as vacas que são descartadas estão em condições muito piores e, portanto,
trazem menos renda na venda", observou Eicker. Consequentemente, o
suprimento de carne bovina também é reduzido por aquelas vacas mais leves que
estão em pior condição. Terceiro, ele está preocupado que atrasar a remoção
dessas vacas impactará negativamente sua condição e bem-estar.
3) A produção de leite está caindo – “A produção
de leite dos EUA está caindo porque temos muitas vacas de baixa produção que
não podemos substituir”, declarou Eicker. Novamente, os números contam a
história. Desde 2021, a produção total de leite estagnou em pouco mais de
225 bilhões de libras por ano, após crescer incrementalmente a cada ano desde
2014. No mais recente Relatório de Produção do USDA, a produção média de leite
caiu 13 libras por vaca, de abril a junho de 2024 em comparação com a mesma
janela em 2023, e a produção total de leite para o trimestre caiu 624 milhões
de libras.
Eicker
afirmou que o movimento do beef-on-dairy pode provar o velho ditado de "se
parece bom demais para ser verdade, provavelmente é". E ele teme que a
situação atual dos rebanhos impeça as fazendas leiteiras de maximizar sua
capacidade de capitalizar os preços do leite atualmente em alta, porque elas
simplesmente não terão os animais para fazer isso.
"Esse
aumento de curto prazo na receita de bezerros é ofuscado pelo fato de que elas
[as fazendas] serão forçadas a manter suas vacas de descarte por muitos meses a
mais", ele observou. Além disso, com o aumento dos valores das novilhas,
há dinheiro real a ser ganho novamente criando e vendendo novilhas. "Qual
fazenda leiteira iria querer US$ 600 [com bezerros cruzados] agora em vez de
US$ 1.600 em dois anos?"
Texto retirado do site: https://canaldoleite.com/artigos/os-cruzamentos-com-gado-de-corte-estao-descarrilando-o-setor-leiteiro-dos-eua/
Em muitos casos, a área limita o número de animais
na propriedade, inviabilizando a criação constante de novilhas. Esse fator,
associado ao fato de que a busca por bezerros para a produção de carne, faz com
que o Beef in Dairy seja uma alternativa interessante na lucratividade das
propriedades leiteiras.
Devido à necessidade de realizar a reposição das
fêmeas do rebanho anualmente, essa técnica tem sido associada à utilização de
sêmen sexado. Dessa forma, as vacas com melhor valor genético para produção
leiteira, são inseminadas com sêmen sexado da raça leiteira aderida na
propriedade, proporcionando a obtenção de novilhas de alto valor genético que
irão repor fêmeas em descarte. As demais vacas, com valor genético e produção
inferiores, são inseminadas com sêmen de raças de corte, resultando em crias
com melhores índices de desenvolvimento corporal, que são vendidos após o
desmame, e destinados à produção de carne.
Entre as vantagens
obtidas ao se trabalhar dessa forma, podemos considerar:
- Estará sendo
realizado o melhoramento genético do rebanho leiteiro, visto que as novilhas
para reposição serão oriundas das melhores vacas;
- O risco de
distocia no parto tende a reduzir, pelo fato de que algumas raças de corte
possuem menor peso ao nascer, facilitando o parto;
- A repetição de
cio das vacas tende a reduzir, pois, ao se trabalhar com sêmen de raças de
corte, a heterose proveniente do cruzamento é maior, favorecendo a fixação e
desenvolvimento embrionário.
Como escolher qual a melhor raça para se trabalhar
com meu rebanho leiteiro?
Para tomar essa decisão, é necessário realizar uma análise na demanda do
mercado local. Se a procura for por qualidade de produto, é interessante
trabalhar com raças que ofereçam melhor acabamento de carcaça, com maior
quantidade de gordura intramuscular, e melhores condições de marmoreio. Porém,
se a demanda maior for por volume produzido, em relação à qualidade, deve-se
optar por raças com maior deposição e desenvolvimento muscular. Além dessas
variáveis, é importante utilizar raças adaptadas às condições climáticas e
geográficas da região, para impedir que o estresse causado pelo ambiente
dificulte o desenvolvimento das crias.
É importante
mencionar que as bezerras obtidas nesses cruzamentos, devem necessariamente ser
destinadas à produção de carne, pois, a utilização desses animais como vacas
leiteiras representam um risco de retrocesso genético das raças leiteiras,
sendo necessários muitos anos para que o potencial genético do rebanho atual
seja recuperado. Além disso, para que seja utilizado o Beef in Dairy, é
necessário um bom planejamento visto que no Brasil a produção de novilhas para
reposição é pequena, e a falta de planejamento pode resultar no estreitamento
da variabilidade genética do rebanho leiteiro brasileiro.
Texto retirado do site: https://leigado.com.br/pt/blog/semen-de-racas-de-corte-em-vacas-leiteiras
Fotos do autor:
Cruzamento vaca de leite raça Jersey com touro Senepol
idade da bezerra aproximada de 50 dias.
Cruzamento vaca de leite raça Jersey animal cor marron e animal cor preta vaca raça holandesa com touro Senepol idade aproximada de 10 meses
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