Curso Técnico em Agropecuária onde tudo começou o envolvimento com o agronegócio.
Curso Técnico em Agropecuária onde tudo começou o
envolvimento com o agronegócio.
Uma nova fase na vida.
Na metade do oitavo ano do primeiro grau meu irmão Rafael
me chamou para conversar e dar algumas ideias o que eu gostaria de estudar no
segundo grau.
Disse que gostava de animais, então me sugeriu estudar no
colégio agrícola La Salle no município de Xanxerê.
Sempre tive a residência na cidade e não havia nenhum
conhecimento do meio rural, para mim foi começar tudo do zero. Nem sabia oque
era um pé de feijão ou saber como era uma vaca de leite.
Logo conversei com a minha mãe para ir ao colégio agrícola
para ver como era o estudo.
Em uma tarde de sábado visitamos o colégio agrícola e fomos
pedir informações para fazer matricula para o responsável.
Diretor disse que as matriculas já haviam se encerradas.
Minha mãe nada satisfeita com a resposta, foi conversar com um amigo de
trabalho bioquímico e professor do colégio La salle Ney Fachinelo.
Então que pude realizar a matricula no colégio entrei no
curso no ano de 1997 e permaneci até 1999.
Começou uma nova vida, tudo era diferente, as pessoas, o
lugar, a comida, o clima, etc.
A primeira semana foi muito difícil e bastante cansativo.
Durante o período matutino se estudava todos os dias e no período vespertino se trabalhava até na quinta feira. Após o termino do trabalho, retornava para o alojamento tomava banho para ir ao jantar e após iria estudar no período noturno novamente. Foram três anos bem puxados.
Entravam no colégio nas segundas feiras as 8 horas e saída
nas sextas feiras as 11 horas da manhã.
Nos finais de semana havia necessidade de alguns alunos
permanecerem para manter os trabalhos básicos no colégio. Então que havia
necessidade de ficar de plantão em alguns finais de semanas por ano.
No primeiro ano além das matérias normais de um segundo grau: matemática, português, geografia, história, biologia, física, química, literatura, tínhamos as matérias técnicas: Zootecnia 1, ovinocultura, avicultura, agricultura (estufa, plantio de morango).
Digamos o ano mais difícil devido a uma mudança bastante radical na minha vida. No começo me perguntava por que estava neste local, mas com o tempo percebi que estava ali para ganhar conhecimentos e se preparar para um futuro que hoje está acontecendo.
Tudo no colégio agrícola era diferente, desde as pessoas, a comida, a cama, o sono mau dormido, questão de trabalhar que no caso nunca trabalhei e estudei tão intenso, a rotina da semana (aula de manhã, trabalhar a tarde e aula novamente a noite.
O primeiro semestre foi o que mais me marcou estive
trabalhando no setor de gado, onde se acordava para limpar as instalações dos
animais.
Neste setor havia vários trabalhos a se realizar: Cortar
pasto para as vacas, fornecer pasto no cocho, arrumar cercas, pastoreio com as
ovelhas etc...
Eu sempre tive uma aparência de fransinho (magrinho e
alto). Isso era um problema por que tinha dificuldades com o trabalho pouca
habilidade e trabalhos pesados.
O pessoal do segundo e terceiro ano pegava bastante no meu
pé, por que quando eu trabalhava no corte de cana de açúcar ou capim elefante o
meu companheiro trabalhava 60 porcento e eu 40 porcento para encher um carreto
de pasto.
Para mim era bem pesado por que nunca havia realizado um
trabalho assim.
Caso o aluno permanecia no trato dos animais, tinha que
moer a pastagem em uma forrageira, e fornecer com um carreto de ferro, deveria
pesar uns 200 kg. Lembro que tinha que fazer quatro a cinco viagens em uma
tarde e após fornecer a ração. Isso era uma parte do trabalho, sempre havia um
outro trabalho a fazer antes de fornecer a forragem aos animais.
Eu não via a hora passar para voltar para o alojamento, estava sempre cansado e muitas vezes dormia nas aulas no período matutino. Professores chegavam perto e diziam alo, alo hoje tem aula. Acordava assistia aula meio cansado, dormindo, mas nunca parei.
E assim se passou o primeiro semestre, e mudei de setor
para o setor da agricultura.
Neste setor a gente trabalhava em qualquer setor dentro do
colégio.
Desde ir para os setores fixos, como bovinos, psicultura,
horta, estufa, limpeza, erva mate, ajudar o pedreiro, cortar cana de açúcar
para fazer melado, capina dos terrenos, colheita de feijão, recolhimento de
arvores, lixos etc.
Neste setor trabalhei três semestres. Cada dia você estaria
trabalhando em um setor conforme a necessidade de pessoas para ajudar no setor.
Cada semestre se mudava de setor, afinal a gente estava no
colégio para trabalhar e a mesmo tempo aprendendo como era o meio rural.
Neste momento começou o outono onde o pessoal pegava no meu
pé e diziam o magrinho aí, não passa o inverno. Eu sempre procurava me manter
calmo para ter foco no colégio, brincadeiras sempre teve.
Nas quartas feiras, tínhamos uma folga a noite. Tempo livre para fazer o que quiser. Tinha a turma do violão, turma do futsal, ficar no quarto só conversando ou qualquer coisa a fazer. As dez horas, todos os dias durante a semana o silencio começava e todos iriam descansar para o outro dia 6 horas precisava estar de acordado para a rotina novamente.
No primeiro ou no segundo ano tínhamos uma tarefa um pouco
mais árdua: tínhamos que fazer o trato das vacas as 4 horas da madrugada.
Eram sempre quatro alunos por mês para este trabalho. Caso
não participasse no primeiro ano se fazia parte no segundo ano um aluno por mês
como um supervisor dos alunos do primeiro ano.
Eu por azar peguei bem no inverno do mês de junho de 1997.
Dias muito frio e tenso em trabalhar em um setor ao ar livre. Por mais que se
usavam luvas, as mesmas molhavam e se congelava dos dedos.
Nunca vou esquecer de um dia em que estávamos trabalhando e
um dos irmãos lassalistas apareceu do nada no local: Olhou para nós e começou a
contar: 1, 2, 3, 4... e falou hum que coisa ei sempre foi cinco meninos aqui. Onde
está o
quinto menino?
Nós ficamos sem graça e perdidos, fomos obrigados a dizer que o supervisor do
segundo ano não compareceu, ficou dormindo né...Imagino que o chinelo comeu bastante
naqueles dias para o nosso amigo kkkk
O estudo era mais básico, mas tínhamos que trabalhar e se
adaptar à nova rotina que iria durar três longos anos.
No segundo ano além
das matérias normais de um segundo grau: matemática, geografia, história,
português, biologia, física, química, espanhol, tínhamos as matérias técnicas:
Zootecnia 2. Suinocultura, agricultura (cultivo da melância, e citros em geral,
psicultura).
O nível de estudo começou a aumentar de uma forma mais
forte, tínhamos que trabalhar, mas era um meio termo de uma forma mais técnica
e menos braçal.
Neste ano onde começou um certo desentendimentos com o pessoal do terceiro ano, muitas discuções e algumas punições. Alunos do terceiro ano tinham um certo poder de autoridade sobre nós, mas em alguns momentos exageravam na cobrança e pediam para realizar trabalhos que não eram necessários naquele momento ou trabalhos que precisam mais pessoas e se teria que dar conta em fazer sósinho.
Gerando brigas, punições e advertência por escrito para
alguns alunos.
No terceiro ano além
das matérias normais de um segundo grau: matemática, português, geografia,
história, biologia, física, química, tínhamos as matérias técnicas extensão
rural, construção e instalações, matérias dos principais cerais:
milho, soja, feijão, trigo e alguns assuntos próximos,
zootecnia 3. Máquinários em geral, Uso e aplicação de defensivos agrícolas.
O nível de estudo aumentou e se trabalhava menos com mais
técnica e menos braçal.
No terceiro ano, acabando as aulas. Os professores começavam a chamar a lista dos alunos que pegavam recuperação nas matérias. Foi o único ano em qual eu passei todas as matérias técnicas e peguei exames em português e matemática. Nunca vou esquecer que passei sem exames na matéria de zootecnia 3, sem mais ou menos nota. Colegas ficaram bismados em eu ter passado sem exame naquela matéria. Professor Médico Veterinário Gerson Luiz
Tonial ficou
tão feliz por que sabia que tinha conseguido passar um conhecimento para um
aluno que começou sem saber nada do meio agropecuário e naquele momento estaria
pronto para trabalhar.
Apesar da mudança radical na vida e a rotina daquele tempo, foi um grande momento de grande aprendizado para a vida toda. Em vários momentos pensei em desistir e voltar a estudar em um colégio normal. Mas pensava bem e voltava a rotina.
Nunca fui um aluno nota acima da média, sempre estive notas
para passar de ano e aprender para ter conhecimento e se tornar um profissional
na área.
O colégio técnico em agropecuária foi uma lição técnica muito importante para o conhecimento e a realidade do meio rural que tenho conhecimento hoje. Mais que um conhecimento técnico, um aprendizado para vida, que nada era fácil e tudo tinha um propósito e um retorno um dia logo mais não tão distante.
No próximo ano tínhamos que fazer um estágio final onde a
gente escolheria uma area de atuação:
Onde fui escolher em fazer estágio em uma propriedade com
bovinos de leite nos Estados Unidos da América.
No momento achei, que iria ser muito diferente e vamos nos
colocar à disposição.
O dia em que o Mário Yamachiro descendente de japonês supervisor da IFFA empresa responsável em nos guiar para o estágio, compareceu no colégio para realizar a entrevista. Um momento muito tenso em que daria um passo muito importante na minha vida.
A maioria dos colegas do colégio duvidavam que eu iria
fazer estágio fora do Brasil, e davam risada e faziam piada da minha pessoa.
Foi então no dia da entrevista o Professor das Roberto Luiz Bortoncello, me encontrou no corredor indo para a sala e me disse: se você quer alguma conquista, você precisa ter fé em Deus que um dia você consegue, de alguma maneira você chega lá.
Isso me deu tanta confiança; crei uma própria frase: vou
provar a todos que fazer estágio nos Estados Unidos não é impossível e pé na
tábua.
Em outro momento vou fazer um texto sobre o estágio nos
Estados Unidos.
Foto retirado do site: https://www.lasalle.edu.br/agro/sobre-o-colegio/noticia-detalhe/15145
Um agradecimento aos professores:
Franciele Garghetti matéria de Biologia
Irmão Lando Diretor e professor de Espanhol
Ademir Soligo professor das Principais culturas agrícolas
Gerson Luiz Tonial Médico Veterinário professor de
zootecnia
Ney Fachinelo Professor de Quimica
Roberto Luiz Bortoncello Admistrador e professor de
Admistração rural, Construção e instalações
Gerson Batistella Professor de Agricultura especial
Osmar Petrolli Zootecnista Professor de Ovinocultura,
suinocultura e avicultura
Marli Goedel Professora de português
Tinhamos mais professores, mas não lembro o nome dos outros.
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