TRANSPORTE DE ANIMAIS ENTRE PROPRIEDADES OU ABATE (FRIGORIFICO).

 

O transporte de bovinos é uma atividade importante na cadeia produtiva da carne. Milhares de bovinos são transportados todos os dias em nosso país, seja o comércio entre propriedades ou frigoríficos Dadas as características geográficas e de infraestrutura, o transporte rodoviário é o mais utilizado no Brasil.

Mesmo sob boas condições e em viagens curtas, os bovinos mostram sinais de estresse, que se agrava em situações adversas. Animais estressados sofrem e, com isso, há maior probabilidade de ocorrerem problemas com a carne, sendo que em situações extremas pode inclusive resultar a morte dos animais.

 Durante o transporte a intensidade de estresse é variável, dependendo da forma com que os animais são manejados, das condições em que são transportados, da duração da viagem, das condições das estradas e do clima, dentre outros. Os principais problemas durante os manejos de embarque e transporte são: agressões diretas, formação de novos grupos, instalações inadequadas e transporte inadequado.

O planejamento e a organização do transporte é responsabilidade de todos (fazendas, transportadoras, motoristas e abatedouros). Devendo-se definir previamente quais animais que serão transportados (categorias e números), o tipo de veículo a ser utilizado, o número de veículos necessários, as rotas a serem utilizadas, as datas e os horários previstos para o embarque e o desembarque e quem serão os motoristas responsáveis pelo transporte.

Os abatedouros devem estar preparados para realizar o desembarque dos animais com agilidade e eficiência.

Além dos documentos básicos, do motorista e do veículo, para o transporte de bovinos são também necessários os documentos dos animais, dentre eles: as guias de trânsito de animal (GTAs), as notas fiscais do produtor (com informações sobre a origem e o destino dos animais) e, em alguns casos, os documentos de identificação animal. 

Há ainda situações em que são exigidos outros documentos, como por exemplo atestados de sanidade específicos. Todos eles devem ser providenciados com antecedência.

Nunca misture bezerros com animais adultos durante o transporte.

Modelo de uma GTA de bovinos. O Documento é realizado ou emitido via sistema eletrônico estadual. Em Santa Catarina onde resido, cada produtor possui seu acesso ao sistema SIGEN+ CIDASC. O mesmo pode fazer o documento na propriedade ou recorrer ao escritório da CIDASC órgão oficial ou ICASA órgão de apoio.

Cópia da GTA de bovinos como engorda do estado de São Paulo



Foto retirado do site: https://pt.scribd.com/document/418415270/GTA-26-02-2019-035740


Cópia da GTA para Abate modelo do estado de Santa Catarina 




Foto retirado do site: https://pt.scribd.com/document/636384338/Untitled


Os motoristas, juntamente com os encarregados dos embarques nas fazendas, devem verificar se todos os documentos estão em ordem e de acordo com os animais que serão transportados. Erros de documentação resultam em retenção dos veículos. 

Nunca inicie o embarque dos animais antes de se certificar que todos os documentos estão em ordem! Faça isto para diminuir o risco dos animais ficarem embarcados por longo tempo com o veículo parado.

Os compartimentos de carga dos veículos

É cada vez mais frequente encontrar veículos com as laterais e a parte detrás dos compartimentos de carga completamente fechados. Há dois motivos para isto: 1) os animais ficam menos agitados durante o transporte, pois o fechamento limita os efeitos de estímulos externos, como o movimento de outros veículos e de pessoas que se aproximam, que causam estresse e 2) há redução no lançamento de fezes e urina nas estradas.

Para minimizar o problema de ventilação é recomendado evitar paradas longas e, sempre que possível estacionar os veículos em locais sombreados, protegendo os animais da radiação solar direta.

Nos casos em que se optar por cobrir o compartimento de carga, essa cobertura deve ser feita com telas de sombreamento (na medida de 50 ou 70%). Nunca use lonas para cobrir os compartimentos de carga, pois elas impedem o fluxo de ar, aumentando a temperatura e o nível de amônia, com efeitos negativos sobre os animais.

Peso Vivo Espaço linear m/animal

 250                                   0,33

300                                   0,37

350                                   0,41

400                                   0,44

450                                   0,47

500                                   0,51

550                                   0,54

600                                   0,57

650                                   0,60

700                                   0,63

750                                   0,65

800                                   0,68

850                                   0,71

900                                   0,73

950                                   0,76

1000                                0,78

 


Para o caminhão da figura acima, por exemplo, que tem compartimentos de carga com as seguintes medidas:

O primeiro (o mais próximo da cabine) com 2,35m de comprimento, o segundo (do meio) com 5,51m e o terceiro com 2,45m, os números ideais de animais (NA) com 500 kg de peso vivo a serem embarcados seriam:

• no primeiro compartimento de carga: NA= 2,35/0,51= 4,6 => 4 animais

• no segundo compartimento de carga: NA=5,51/0,51= 10,8 => 10 animais

• no terceiro compartimento de carga: NA=2,45/0,51= 4,8 => 4 animais

Assim, a capacidade de carga do caminhão apresentado na foto acima seria de 18 animais com 500 kg de peso vivo, acomodando 4 animais no primeiro compartimento de carga, 10 no segundo e 4 no terceiro.

Cada espécie possui uma medida adequada para transporte.  

Os pisos dos compartimentos de carga devem ser cobertos com um tapete de borracha e sobre o tapete deve ser instalada uma grade de ferro quadriculada (com quadrados de 30 a 35 cm de lado). 

Essas estruturas têm como função proporcionar conforto e segurança para os animais, diminuindo os efeitos negativos da trepidação e os riscos de escorregões e de quedas. 

Tanto os tapetes quantos as grades devem ser bem fixados ao piso dos compartimentos de carga, sendo que as grades devem ser sempre posicionadas sobre o revestimento de borracha.

Ao fazer as grades é recomendado usar solda de “topo” (ver foto abaixo) que tem menor risco das barras de ferros entortarem ou quebrarem, o que ocorre com mais frequência quando as barras são soldadas umas sobre as outras.


Mantenha o veículo e seus compartimentos de carga sempre em boas condições para uso. Faça manutenção frequente: cheque pneus, freios, suspensão, motor e todas as partes mecânicas do veículo. 

Com o veículo em ordem há mais segurança e menor risco de acidentes e quebras mecânicas. Inspecione regularmente os compartimentos de carga, verifique se há pontas de parafusos expostas, buracos no piso, grades torcidas ou quebradas e borracha rasgada. 

Se encontrar qualquer um desses problemas, faça os reparos necessários imediatamente. Verifique também se as porteiras estão abrindo e fechando facilmente, se as cordas estão boas condições e se as roldanas estão lubrificadas.



Um ponto importante da manutenção do veículo é sua limpeza. Atenção especial deve ser dada ao compartimento de carga, que deve ser lavado e desinfetado logo após o desembarque dos animais. Recomenda-se aos abatedouros não liberarem os veículos de transporte de bovinos antes de serem lavados e desinfetados. 

Algumas fazendas não realizam o embarque de seus animais em veículos em mau estado de conservação ou sujos. Esta é uma decisão correta. Lembre-se! A responsabilidade pelas condições do veículo é do motorista boiadeiro, devendo manter o veículo sempre limpo e bem cuidado.

A viagem Situações que dificultam os animais a manterem o equilíbrio durante a viagem O ideal é que os animais permaneçam em pé durante toda a viagem. Entretanto, em algumas situações é inevitável que eles se deitem. Isso ocorre com maior frequência quando os animais estão cansados, feridos ou doentes, e se deitam por vontade própria, ou quando caem. 

Em condições normais os bovinos tendem a permanecer em pé enquanto o veículo estiver em movimento. Em viagens de curta duração (até 4 horas) os animais raramente se deitam por vontade própria (a menos que estiverem cansados, feridos ou doentes), enquanto em viagens longas, acima de 8 horas, eles começam a se deitar, devido ao cansaço.

Não inicie a viagem logo após o embarque dos animais. Após sair do embarcadouro, estacione em um local plano e faça a primeira vistoria, checando se não há animais deitados, agitados ou com qualquer outro tipo de problema. Se estiver tudo em ordem, inicie a viagem. 

Vá devagar nos primeiros 15 a 20 minutos para que os animais se acostumem aos movimentos do veículo. Não faça movimentos bruscos. Após esse período de adaptação, pare o veículo, verifique se todos os animais estão em pé e, se assim for, continue a viagem. Dirija sempre com muito cuidado, respeitando os limites de velocidade e a sinalização das estradas.

Tenha sempre em conta que o transporte de carga viva exige mais atenção e cuidado. Todos os motoristas boiadeiros devem receber um treinamento específico para o transporte de bovinos. Esse treinamento deve tratar do comportamento dos bovinos e de suas necessidades e capacidades de sentir dor, fome, sede, medo, calor e frio. 

Além de apresentar estratégias para reduzir os riscos de problemas de bem-estar animal e de perdas qualitativas e quantitativas de carne. Cuidados especiais devem ser tomados quando o transporte é feito por estradas mal conservadas ou em regiões montanhosas. Essas condições aumentam as dificuldades e as responsabilidades dos motoristas.

A primeira inspeção deve ser feita logo no início da viagem. Aproveite todas as oportunidades para realizar a inspeção dos animais e, em viagens longas programe inspeções periódicas, principalmente para verificar se há animais caídos ou deitados. 

Sempre que ocorrer uma situação de risco, como uma freada brusca, por exemplo, pare o veículo e faça a inspeção. Para viagens à noite é necessário ter um sistema de iluminação no compartimento de carga ou, pelo menos, uma lanterna à mão que permita realizar as inspeções adequadamente.

Ao definir as paradas, tenha em conta que o tempo total da viagem, desde o embarque até o desembarque, não deve ultrapassar 12 horas. Em viagens com duração maior que 12 horas os animais devem ser desembarcados, oferecendo um local adequado para que descansem, além de alimento e água à vontade. 

Os procedimentos de desembarque e de embarque de bovinos no meio da viagem são muito estressantes, e nem sempre têm o resultado esperado. Certos animais não se alimentam e permanecem estressados devido ao fato de estarem alojados em um local desconhecido. 

Quando necessárias as paradas com desembarque, os procedimentos de manejo devem ser feitos com muito cuidado, sem agredir e sem gritar com os animais.

Após o desembarque os animais devem receber água e alimento à vontade, que devem estar disponíveis por 12 horas. O período de descanso deve ser de pelo menos 18 horas, com os animais permanecendo sem alimento por 6 horas antes do re-embarque. 

As paradas com o desembarque dos animais não devem ser estimuladas, devendo ser realizadas apenas em situações de emergência. A recomendação é a de se evitar o transporte de longa distância.

Após o desembarque verifique se nenhum animal permanece nos compartimentos de carga.

A limpeza e desinfecção do veículo deve ser realizada logo após o desembarque, o quanto antes melhor. Não limpe os compartimentos de carga de veículos boiadeiros em rios ou riachos, isto causa poluição e aumenta os riscos de transmissão de doenças. 

Ao terminar a limpeza faça uma cuidadosa verificação nos compartimentos de carga, cheque travas e parafusos, repare ou substitua o que estiver quebrado. Esteja certo de que está tudo em ordem para a próxima viagem. É essencial que os veículos estejam limpos, desinfetados e em boas condições de uso antes da realização de um novo embarque.

Parte do texto retirado do site: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/producao-animal/arquivos-publicacoes-bem-estar-animal/transporte.pdf






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